O vento sopra às últimas folhas secas do outono. É inverno. Não sinto frio. Como poderia sentir se nada é quente dentro de mim? Vivo um inverno eterno. Ando de mãos dadas com a solidão, caminhando por essa longa estrada de pedras pontiagudas e cinzas. O Céu também está cinza, aliás, sempre esteve. Uma vez ou outra tenho a sorte de admirar uma nuvem branca que passa solitária dentre tantas outras cinzas, mas é muito rápido, quase instantâneo. Não há cor viva por onde eu sigo. Só há cinza, preto e, às vezes, branco. Chove muito, mas nesse frio? Não sinto a água me tocar só ouço o barulho de chuva. Não sei, realmente, se chove ou se é o som de minhas lágrimas ecoando ao tocarem no chão. Encontro-me em prantos por nenhum motivo. Eu sei que há um motivo – são vários – mas mesmo assim sigo chorando, sem ter como parar. Espero, ansiosamente, o término dessa estrada para contemplar o que me aguarda. O que me aguarda? Coisa boa não é! Um destino que é guiado por esse caminho sombrio não pode ser algo bom. Mas anseio o seu fim, talvez, por não te pego uma estrada sem tantas pedras ou mais colorida. Desejo, profundamente, chegar ao seu final. A placa de retorno ficou para trás a uns três quilômetros. Não avisto encruzilhadas em minha frente. Só vejo no horizonte a floresta de espinhos que me espera, sedenta. Espero que ao transpor-la possa encontrar o que tanto procuro. E o que eu procuro? Ora, o que todos procuram. Mas e se for um abismo que se segue? Cairei nele, pois não posso parar de andar. Não agora.
Grow Your Own Greens
Há 8 meses
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