sábado, 9 de agosto de 2008

(Es)Cravo de uma Rosa

Quero passear por terras planas de vilarejos conhecidos. Talvez lá tenha um botão de rosa que eu queira ver. Saber se a sua intensidade de cor é tão grande quanto a minha. Mas temo que, ao vê-la, essa rosa desabroche de forma errada. Não gostaria de interferir, não gostaria de abrir as suas pétalas, forçá-la antes de seu tempo. Porém se eu não o fizer outro, talvez, faça e contamine a pureza de tão bela flor. Devo protegê-la.
Lá está ela. Estou tentado a colhê-la. Colocá-la em um vaso na minha escrivaninha para apreciar seu adocicado cheio e incontestável beleza. Egoísmo meu, lógico. Mas meu medo em perdê-la para o tempo é sufocante. Fonte de minha inspiração. Seria um fardo terrível de carregar, ser responsável pela morte de sua liberdade, por sua morte. Trar-me-ia desgraça e desespero. Acabar-me-ia sucumbido ao tormento das almas perdidas.
Prefiro assim, vê-la deleitada sobre a terra molhada. Raízes rasas de roseira jovem buscando firmeza para lutar contra os ventos. Quanta destreza e coragem. Queria eu ter tanta jovialidade para durar o seu tempo. Mas não a abandonarei jamais. Tens a mim como teu guardião.
Cavarei um buraco próximo a ti. Colocar-me-ei dentro até os joelhos, tampar-me-ei e regar-me-ei com água. E plantado a contemplarei eternamente e protegerei desse rigoroso inverno. Para, assim, florescermos juntos na primavera. Eu, sendo cravo ao seu lado.



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