domingo, 26 de abril de 2009

Fechado para balanço

Um tempo aqui tem que ser dado - dias, semanas, meses, quem sabe? -, pois a inspiração me abandonou sem aviso prévio, sem nem uma carta de despedida. E o vazio se fez.
Talvez ela precise de um tempo para pensar, para ver se eu realmente valho a insistência que se fazia aqui.
Só sei que eu sinto falta dela e, sei, que ela pensa, de alguma forma, em mim. E só me resta a angustia da espera e a esperença de que ela baterá em minha porta, mais uma vez, pedindo abrigo... Sentando, aqui, na frente do pc, com uma página do word em branco aberta.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Limites


Que agonia é essa que me toma? Tento escrever um parágrafo de cada vez, mas está se tornando impossível essa minha desistência dos romances ainda não escritos. Talvez seja a certeza inevitável de um final irreversível, repetitivo. Ou a falta de uma inspiração verdadeira, que ao certo não sei quando a última se fez distante de mim e disse adeus.

As palavras estão aqui e sempre estiveram. São companheiras, cúmplices. O léxico é abundante. Os estilos estão bem definidos, há até uma certa originalidade na estrutura, na construção. Os trechos unem-se com facilidade, há fluência.

Mas falta-me algo que eu um dia tive. Algo impassional, frenético, rijo.

A produção literária é como um golpe de taekwondo: você pode executá-lo com toda a técnica, giro e tempo perfeitos, mas se não tiver potência, força, ele não vale; não é computado.

Talvez seja isso que me falte: uma potência, uma jovialidade sentimental forte. Não digo o vigor de um jovem adolescente que acabou de descobrir o sexo e não pensa em outra coisa a não ser dar mais umazinha atrás de outrazinha. Até porque um texto necessita de tempo, um sexo lento, com direito a uma longa preliminar – incluindo jantar a luz de velas, vinho na frente da lareira e uma bela conversa antes do primeiro beijo longo, doce e caliente – não viaja, o chapado! Eu não faço isso, é apenas uma metáfora.

Essa minha incapacidade de descobrir o que está me esterilizando criativamente me irrita profundamente. Chego a rasgar com raiva as folhas do caderno rabiscadas durante alguma aula chata da faculdade – que antes me traziam ótimos textos.

Eu poderia chegar aqui e culpar o trabalho, a faculdade, a falta de tempo, o período de provas, a carga de leituras que tenho que fazer... Mas tudo não passaria de uma mentira das mais descaradas, uma falácia – pois estou escrevendo neste exato momento.

Para você vê como está critica a situação: cheguei, agora, em um ponto que nem esse texto eu consigo acabar. Estou com uma vontade tremenda de apertar o botão de reiniciar do pc, assim, sem mais nem menos, e com certeza eu não sentira remorso pelo tempo desperdiçado. Hoje eu ouvi na aula: “Tempo é dinheiro, e quanto mais se faz em menos tempo mais tempo se tem para ganhar dinheiro”. O meu tempo é lixo irreciclável. Será o meu fardo, morrerei pobre. Só me senti responsável em dar uma justificativa. Creio que só para mim mesmo, essa justificativa, pois acho que ninguém mais lê (relê) esse blog além de mim.

Só sei que há um vazio em minha mente e uma certeza de que há um culpado para isso. E eu hei de encontrá-lo. Mas só sairei a procura depois da prova de matemática de amanhã - eu ainda nem comecei a estudar para ela. E mesmo não tendo ninguém ai do outro lado da telinha (ô loco meo, brincadeira!), lá vai a pergunta que não quer calar: alguém ai sabe calcular limites? Gostaria de saber se eu já cheguei no meu.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Recomeço

Rasgam-se e atiram-se os pedaços ao vento das cartas empoeiradas na gaveta travada da escrivaninha capenga saboreada pelos cupins. Dispensam-se as lamentações e o passado nunca vivido para reinventar-se na intensidade da recente lembrança dela. Para assim, debruçar-se sobre o papel em branco e iniciar a criação da nova matéria ocupante da, agora, gaveta vazia.