quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Eu, simplesmente, quero!


Eu quero ser simples. Eu quero ter um sonho como todo mundo – ou a grande maioria - para ter no que pensar nas noites de insônia. Quero não dar tanta importância à complexidade da vida, as interrogações filosóficas, ao meu umbigo egoísta, ao meu autismo latente. Quero reviver um passado que não volta mais. Quero parar de usar esse blog para desabafar, parar de fazer a “limpeza de chaminé”. Quero ser compreendido por alguém. Mas eu ainda quero querer. Quero um amor para recordar, um amor para vivenciar, alguém a quem amar. Alguém que me ouça, que me tire desse marasmo, dessa depressão em que eu me afundo. Quero não só gostar das poesias de Vinicius, mas compreendê-las também.
Trato, muitas vezes, o amor como doença. De fato, é uma doença. Uma doença que nos consome lentamente, que nos esvai do plano terreno, que nos atormenta sem a correspondência, que nos torna vulneráveis a outrem, submissos, dependentes. Escravos obsessivos, entorpecidos por um sentimento. O amor é mais destruidor do que a raiva, mais rancoroso do que o ódio mais compulsivo do que a gula ele é o pior de todos os sentimentos, o pior de todos os pecados. Ele faz com que atinjamos o êxtase da felicidade e o fundo extremo da tristeza. Eu procuro esse amor, procuro ter essa doença. Busco nos livros, nas ruas, nas paisagens litorâneas, nas montanhas, nos olhares alheios. Eu desejo adoecer. Mas por que almejá-lo tanto? Simplesmente, por egoísmo, inveja, para, talvez e somente, compreender as poesias de Vinicius.

Um comentário:

Sílvia Mendes disse...

Para amar, a gente tem que tirar o olhar de dentro da gente, olhar pra fora. Senão a gente não enxerga o outro... Mas, pra tirar o olho de dentro da gente, a gente precisa primeiro curar as feridinhas que ardem lá dentro, sacas?
Ou a gente dá a sorte de encontrar alguém que esteja disposto a curar as nossas feridas, pra depois nos conquistar, ou nós nos esforçamos e as curamos sozinhos. Daí, sim, a gente consegue amar outra pessoa. E amar o simples e o cotidiano.
Acho que é isso...