Gabriel Antônio Silva é um pobre menino da baixada. Vive em um pequeno barraco com mais cinco irmãos, uma avó doente e sua mãe que é quem sustenta aquela família. Ele sabia que não tinha um futuro promissor, apesar de ter apenas dez anos, Gabriel era um menino muito inteligente e ciente das condições que dispunha. Ele não deixava de tentar ajudar a sua mãe. Pobre Maria da Graça, abandonada com três filhos pequenos e um a espera pelo marido que fugiu ao se deparar com a complicação que teria para criar e sustentar a todos. Gabriel era o segundo filho mais velho, primeiro vinha Sheila, 16 – uma menina que caiu na vida, viciada em cola e metida com a bandidagem da área. Maria da Graça que sempre zelou pelos filhos, chorava toda noite que encontrava Sheila entorpecida no quarto, sofá ou quando ela chegava na garupa da moto de algum traficante ou bandido da baixada. Por mais problemas que Sheila arranjasse sua mãe sempre estava ali pronta para acolhê-la e ajudá-la com um abraço carinhoso e conselhos sussurrados.
Já Gabriel, era um menino que não recebia tanta atenção de sua mãe quanto Sheila e os outros três menores. Esforçado, arranjou um emprego de engraxate na barbearia do Simão pela manhã e, à tarde, varria a loja de 1,99 do Juca e a padaria do Seu João em troca de alguns trocados. Tudo que ganhava dava a sua mãe, sem nunca receber um agradecimento em troca. Ele sabia que era humilhante para a sua mãe pegar aquele dinheiro. Ele sabia que ela queria vê-lo estudando, se tornando alguém na vida. Ela não queria destruir os sonhos de seu filho, não queria ser a responsável pelo seu fracasso de vida, por isso ela não agradecia e só o fitava com aqueles olhos cheios de lágrimas. Gabriel a compreendia e nada falava, só sorria. Essa era a vida de Gabriel e sua família, trabalhar para sobreviver sem almejar algo, apenas viver.
E assim, inicia-se a tortuosa vida de Gabriel Antônio Silva, um menino que largou sonhos para ajudar a família a sobreviver nesse mundo errante como tantos outros Gabrieis que existem por ai.
Notas do autor:
- Toda semana, se possível,
postarei uma estória de "A jornada de Gabriel";
- Esse prólogo ficou meio tosco,
mas as estórias que se seguem, garanto,
estarão bem melhores;
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