quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Valorizar enquanto há tempo - A morte não escolhe hora

Abriu os olhos de um salto de cama. Correu ao banheiro e uma água nos olhos atirou. Olhou-se fixo por uns segundos no espelho e sorriu para si. Passou as mãos na cabeleira desarrumada e saiu de casa sem nem ao menos trocar o short azul e a regata rubra desbotada que usara para dormir. Claro, parou só na porta para calçar aquele velho tênis de corrida que tinha abandonado antes da cirurgia. E saiu rua a fora com um pouco de desconforto nos pés buscando vida.

Iniciou sua corrida meio acelerado. Um tanto eufórico. Trezentos metros adiante percebeu que aquele ritmo iria mandá-lo de volta a mesa cirúrgica. Diminuiu o passo e revolveu retomar suas corridas matinais de forma gradativa. Foi quase que andando rápido ou quase que correndo lento. Resolveu admirar a paisagem que antes nunca olhara ou que nunca reparara com tanto gosto. Como era lindo aquele lugar. Esquecera-se quão verde eram as florestas que revestiam os morros que o cercavam. Ah, e aquela brisa gostosa de fim de inverno e começo de primavera, magnífica! Sol grande e belo ao céu iluminando a terra com todo o seu esplendor. Várias nuvens brancas espalhadas e isoladas tomando forma das mais diversas criaturas imagináveis possíveis. Até o contraste entre a cidade e o campo é belo, harmonioso. E pensar que poderia ter perdido toda essa beleza sem ter lhe dado a digna atenção.

Quinze minutos de caminhada corrida ou corrida caminhada deparasse na frente da padaria do João. Lá avista alguns conhecidos e resolver ir cumprimentá-los. Quem sabe refrescar-se com uma garrafa de laranjinha Água da Serra também. Papo vai, papo vem... Começa a se sentir mal. Será que foram as três laranjinhas que tomara? Pediu para o João marca na conta, despediu-se de seus amigos e iniciou seu retorno a casa. Sente-se preocupado, pensa que é o coração novamente, pois seu peito está a arder. Sua vista começa a embaçar. Já não consegue ver. Para de andar. Sente muito frio. Sente o baque de seu corpo ao chão. Sente o último ar entrando nos pulmões. Sente falta de ar. Sente seu espírito abandonando seu corpo. Sente-se morto.

Seus amigos também pensaram que era o velho problema no coração que tinha retornado até encontrarem o escorpião encravado em seu pé direito. Justo o pé direito. O pé que sempre calçara primeiro para ter sorte ao longo do dia. Superstição, claro. Desde pequeno a tinha. Na pressa de reviver o tempo que perdera e de valorizar aquilo que não dera importância merecida, esquecera de conferir seu tênis antes de calçá-lo.


Moral da história: A Pressa é inimiga da superstição.


ps1: Dois títulos. Fiquei na dúvida e acabei colocando os dois.

ps2: Tá! Essa moral é tosca, mas achei divertida. (6)

ps3: Demorarei mais e mais tempo para publicar algo, o vestibular é a prioridade ;~~

2 comentários:

Tamara disse...

"Quem sabe refrescar-se com uma garrafa de laranjinha Água da Serra também."
Cara, alguém consegue se refrescar com laranjinha água da serra? haha você consegue se deliciar, mas refrecar? :)

Gostei do texto, apesar de meio.. triste né? O garoto lá felizão porque ia correr pela primeira vez depois da cirurgia e pá.. morre com a picada de um signo do zodiaco. triste, triste. Mas tá.

Outra coisa:
Foi tu que comentou no meu blog em baixo do teu comentário, corrigindo uma palavra? Porque se não foi tu, foi alguém que comentou só corrigindo o que tu escreveu.. haha!

:* léo

Sílvia Mendes disse...

Eu sou de escorpião ;D
uiaiuahiauhaiuh
Grandes merda.

Eu gosto quando o cara morre, esse negócio de finais felizes é meio clichê. Um final feliz pra ser bom tem que inovar muito.