sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A festa surpresa que não ocorreu

Cris olhava assustada, incrédula do que seu namorado acabara de fazer. Não encontrava espírito latente naquele corpo. Via-o completamente transportado para fora de si enquanto sua casca permanecia ajoelhada diante do corpo de seu melhor amigo. O sangue banhava a camisa dele e a arma ainda era segurada pela sua mão esquerda. Cris tentou falar alguma coisa à Ricardo, mas suas palavras eram interrompidas por sons incompreensíveis que iniciavam um choro. Lágrimas lhe inundavam os olhos e escorriam por sua face pálida, que até então estava rosada das muitas doses de Martini daquela noite. Dos olhos de Ricardo nada se via sair, nem ao menos uma piscada para lubrificar a retina. Estava atônito.

Cris, que estava agachada, foi rastejando de encontro a Ricardo e ao corpo de Emannuel. E ao confirmar a morte não conteve o grito desesperado em sua garganta. A dois quarteirões dali - me disseram os transeuntes - foi possível escutar o som de sua agonia, de seu desespero. Tal grito fez com que Ricardo saísse de seu transe e a mirasse. Seus olhos, que estavam sem foco, tornaram-se raivosos, cheios de ódio e rancor, as testemunhas disseram-me que era possível vê-los vermelhos de tanta fúria.

Ricardo ergueu a arma de encontro à cabeça de Cris que se encontrava jogada ao peito de Emannuel em prantos inconformáveis. Ela parara de chorar ao sentir o cano quente da arma em suas fontes. Ergueu sua cabeça e fitou-o nos olhos, primeiramente, intimidada. E logo depois com tanta ira que cuspiu na cara de seu namorado sem muito que pensar. E ele nem ao menos piscou. Apenas deu um sorriso sádico e puxou o gatilho.

Os miolos de Cris espalharam-se por cima do corpo de Emanuel, pelo chão de todo o bar e pela face sádica de Ricardo. Dizem que depois de três meses ainda encontravam partes dela pelo bar, mas creio que isso não seja verdade. Não havia tanto cérebro naquela pequena cabeça. Após a execução de Cris, nós chegamos e vimos Ricardo mirar a arma em sua cabeça e disparar sua sentença... Saímos dali com três sacos pretos e muitos depoimentos inúteis, pois já sabíamos o motivo que levara a tais homicídios e suicídio. Ricardo tinha nos ligado minutos antes e nos confessando o que ia fazer. Tentamos alcançá-lo antes que cometesse tais crimes, mas chegamos tarde de mais para impedi-lo. A fita da conversa está anexada ao relatório, Meritíssimo... É isso... É tudo o que eu sei.

Um comentário:

anacaroline disse...

léeoo
nossa, muito triste, mas muito bom!
sahshauishaiu
gostei mesmo ;***