sábado, 4 de outubro de 2008

Poeta falido

Já não há mais chances para os covardes

Já não há mais chances para os que temem

Já não há mais chances para os mortos


Eu morri, minha essência se petrificou

Na cápsula aparente de uma felicidade inexistente


O meu sorriso é falso e fácil

Basta eu vestir a mascara do Arlequim

Fazer meus malabares, recolher o dinheiro

E ir embora quando o espetáculo chegar ao fim


Procuro o êxtase dos simples e puros de coração

Mas o meu coração mal consegue bater em meu peito cansado

Oprimido, deprimido, sufocado...

Muitas vezes por mim mesmo

Ao ver minha insignificância refletida no espelho


Na verdade, sou um Pierrot clássico

Mal amado, invejoso, sem incentivos,

Sem ânimo, sem motivos...

Para insistir, para viver


Um antigo compositor

Já escreveu e cantou

Que Colombina outro escolheria

E meu amor no lixo atiraria


E o que me restaria é chorar

Lágrimas secas

Para não mancharem a maquiagem mal feita,

Pois as cortinhas se abrirão

E lá estarei eu representando,

novamente, toda a minha falsa alegria - depressão


Já não há mais chances para os covardes

Já não há mais chances para os que temem

Já não há mais chances para os mortos


Só há para aqueles que ainda não sabem da sua infelicidade

Os felizes ignorantes




Escutar e apreciar:

Pierrot - Los Hermanos

Colombina - Ed Motta

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