quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Espumante rosé e alguns cigarros

Sabia que a conversa havia terminado assim que atirou seu cigarro dentro da taça de vinho. Corpos se entrelaçando sobre o tapete da sala de estar. O sofá já era pequeno demais. Sussurros de palavras fortes ao pé do ouvido. Palavras que se envergonharão de ter dito, na manhã seguinte, assim que acordarem. Mas naquela noite nada os prendia na superficialidade de seus personagens rotineiros. Talvez fosse a liberdade cedida pelo vinho, pelos cigarros ou pela conversa cheia de risadas e toques. Não! Os dois estavam ali cheio de segundas intenções desde o começo. Já sabiam o que queriam e tratavam de entorpecer um ao outro para que o objetivo final fosse mais rápido e bem sucedido: “Mais um pouco de vinho?”, “Aceita um cigarro?”. Eram egoístas, mas, naquele momento, emprestavam seus corpos um ao outro para atingirem aquilo que buscavam. Sentiam a necessidade de fazerem juntos, nada de uma ação solitária, mesquinha e, até mesmo, deprimente. Permitiam que o outro também sentisse e alcança-se. Era o mínimo – pensavam – que deveriam fazer pelo empréstimo que lhes foi dado. Seria o pagamento simultâneo da dívida recém feita.

Eram isentos de pudor, mas respeitavam-se. Ela não se importava com a calvície dele e nem com sua barriga acentuada. Ele, por sua vez, já não notara mais os óculos dela, nem seus cabelos revoltosos e seus pneuzinhos. E assim, sincronizados com John Lennon, seguiam dançando a intemperança do desejo carnal, sucumbindo, cada vez mais, à desilusão amorosa que viviam.

4 comentários:

Tamara disse...

Uau! Terá continuação? Quero continuaçãããão! Hahaha.
Gostei Léo.

Kisses

Sílvia Mendes disse...

A gente sempre pende para algum dos lados, não existe imparcialidade. Em relação aos adjetivos, é mais para dramatizar o texto, apesar de acreditar naquilo mesmo. E não questionei o MDB ter ou não ideologia. Conheço a história, o que quis dizer é que em cidade pequena não existe ideologia. Nem do PT, nem do PSDB nem do PMDB. Até porque, um município não tem plenos poderes para exercitar a ideologia constante no partido que governa. Somos apenas uma célula de uma federação que é uma célula de uma república federativa. Sacas? Não sei se fui clara, qualque dúvida eu explico melhor com mais tempo depois. Beijo!

Sílvia Mendes disse...

Ah, e jamais chingaria alguém por causa de política. Sabes qual a minha posição ideológica, né? Não defendo nenhum partido. Sou filiada no PT, mas nessa eleição não trabalhei para ele Camboriú, porque achei que o partido se desviou dos ideais primeiros, com esse lance de oportunismo e infidelidade partidária que eu nem preciso explicar, pq acho que vc entende oq quero dizer, né?
Não trabalhei para ninguém. Votei no que acreditei ser melhor para a população no momento. MEsmo assim não defendo com paixão nenhuma o partido em que votei. Acho besteira paixão partidária, se o que importa é o bem de todos. ^^

Lucas Coppi disse...

tais muito profissional. num estagio avançado em que uma gota dágua que cai no chão te inspira a escrever uma barsa. mas cuidado velhinho, talvez esse vício tenha seus pontos negativos!
um abraço, saudações vascaínas!