terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O Pedreiro Poeta


A construção

Seis e quinze de pé.

Água gelada no rosto

Deixa o cansaço na cama posto.

Pão amanhecido com café.


Cavalo dos novos tempos,

Bicicleta feito perna

Na ladeira acelera a jornada

Rotineira quase eterna.


Amassa a massa

Areia, cimento e cal.

Farinha, ovos e água.

Amassa a massa, carrega e passa.


Entre tijolos, pilares e concreto

Suado, com fome e cansado

O ritmo por ele empregado

Torna-se melodia para o seu soneto.


Pedaço de papel de pão

Torna-se folha para um escrivão.

Os primeiros versos brotam

Da poesia metamorfoseada em seu coração


Mãos grossas e calejadas

Pelo cabo da pá e da inchada

Bailam nas entrelinhas de versos

Ressoados e, às vezes por si, sussurrados.


As rimas são fracas

Sem muita coesão,

Mas o sentimento transborda

A sua escassa literatura e pouca formação.


Põe-se a escrever no pouco tempo que lhe resta

Antes que o sono lhe pregue uma peça

E não permita terminar os versos inacabados

Da sua poesia incompleta.

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