A construção
Seis e quinze de pé.
Água gelada no rosto
Deixa o cansaço na cama posto.
Pão amanhecido com café.
Cavalo dos novos tempos,
Bicicleta feito perna
Na ladeira acelera a jornada
Rotineira quase eterna.
Areia, cimento e cal.
Farinha, ovos e água.
Amassa a massa, carrega e passa.
Suado, com fome e cansado
O ritmo por ele empregado
Torna-se melodia para o seu soneto.
Torna-se folha para um escrivão.
Os primeiros versos brotam
Da poesia metamorfoseada em seu coração
Pelo cabo da pá e da inchada
Bailam nas entrelinhas de versos
Ressoados e, às vezes por si, sussurrados.
Sem muita coesão,
Mas o sentimento transborda
A sua escassa literatura e pouca formação.
Antes que o sono lhe pregue uma peça
E não permita terminar os versos inacabados
Da sua poesia incompleta.
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