Prove este vinho! Tão açucarado quanto os caramelos caseiros de minha vó. Bom, não? É de um velho conhecido meu, morador das altas montanhas no vale. A localização exata e o seu nome eu não posso lhes revelar, ele me pediu e também não me disse o motivo. Não, ele não é nenhum foragido da justiça ou coisa parecida, eu acho.
É um bom homem, cujo caráter é de um poder astronômico. Disse-me que daria a vida para provar que sua palavra é verdadeira e honrada. Eu dispensei o ato. E a sua sabedoria é tamanha que me vi questionando o ser e o existir pelo simples comentário que ele fizera sobre os meus trajes.
E a velocidade de raciocínio. Assim que lhe ensinei a arte do xadrez empatamos apenas uma vez, a primeira partida, as outras vinte e sete foram vencidas por ele.
Senhor de cabelos brancos, olhos miúdos e andar vagaroso, porém firme, mostra-se incansável. Nas manhãs orvalhadas do inverno, em sua vinícola, lá está ele a cobrir os cachos de uva um por um - com os saquinhos plásticos para conversar a temperatura certa e proteger as uvas das pragas -, com uma agilidade de um esgrimista.
Pediu-me um tempo de minha vida para ser lembrado e perpetuado pela eternidade. Senti-me em dívida pela acolhida que me fora oferecida em outrora. Cedi sabendo que nada ia perder em sua presença, muito pelo contrário, estaria apenas saboreando a genialidade de um homem que se encontrou vivo dentre outros tantos mortos.
Um comentário:
Bem vindo de volta, amigo.
=)
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