terça-feira, 29 de julho de 2008

Rumo a depressão

Tenho tanta vontade de chorar. Chorar rios de lágrimas salgadas sem sentido. Apenas chorar. Botar para fora o que não há. Ou será que há? É muito drama para pouco caso. Um romance policial seria mais divertido. Mas do que me vale a diversão se meu coração está doído? Rima besta, eu sei. Simplesmente fui escrevendo, nada pensei. O que me resta é chorar. Falar de minhas angustias, de meus males, preocupações? Não! Isso me tornaria fraco. Chorar não. Traria conforto, me sentiria mais humano. “tenho sentimentos” – gritaria aos sete ventos. Ceticismo nunca me agradou, tenho-o buscando há muito tempo. Família católica, devota, todos os sábados na missa. Lá eu penso, encontro paz. Não paz espiritual, paz mental. Organizo as idéias, desembaraço os nós. Se eu tivesse algumas folhas de papel e uma caneta ou um lápis teria feito isso que faço agora. Escrever, tudo que me viesse. Colocar no papel é a melhor forma de registrar um pensamento. Tenho excelentes idéias em momentos inusitados. Talvez eu chore por isso ou só tenha vontade de chorar, seria um dos motivos, não conseguir colocar tudo, acabar a tinta da caneta ou não conseguir apontar mais o toquinho de lápis. Borrachas são dispensáveis. Perde-se muito tempo apagando um rabisco que, mais tarde, poderia preencher uma lacuna ou ligar as orações. Papel também é dispensável, mas escrever nas paredes da igreja não cairia bem aos olhos opressores do padre e de toda a assembléia. Talvez seja um de meus lamentos, a repreensão. Disse que não falaria de minhas angustias e o que me aflige. Por tanto, cesso por aqui. Sigo a meu quarto para tentar chorar um pouco e desabafar comigo mesmo. Sou o que me compreende melhor. Um devaneado depressivo.

2 comentários:

Sílvia Mendes disse...

Que posso dizer além de: amei isso aqui! Já disse que você escreve bem. Superbem. Não desiste, não pára pela metade, não desanima. Escrever vira vício... Doce vício. E outra: escrever tem a ver com sentir. Quem não sente não consegue se expressar por meio da literatura. Eu vejo que agora, depois de tanto tempo, você está se permitindo sentir. Fico feliz. Muito!
Tem mais coisas que eu te falaria, mas vou deixar para depois.

Anônimo disse...

Gostei muito deste texto Leo...

Paula

*Abraço