sexta-feira, 27 de março de 2009

Se(i,)mente

A vida já não é mais latente.

A cor emana pequena, humilde, discreta na imensidão acinzentada do cemitério dos horizontes. Resiste. Luta. Não vence o todo, mas entra em acordo com o meio. Conquista seu pequeno espaço. Convive.

Escarnece o solo rochoso, árido, seco. Põe-se sob a plenitude de um ser maior. Incomparavelmente maior de objetivo único e simples: prover constantemente feixes retilíneos invisíveis; inflamáveis na focalização de lentes côncavas.

Desafio impiedoso ao zigoto recém germinado, pelo desejo incontrolável e agonizante de respirar, suportar tal penitência. Viver o inferno todos os dias, curar-se durante a noite para repetir-se na tortura incessante na manhã seguinte.

Fruto do gozo de um ser enlouquecido, por uma vida inteira insistente, sofrida sob aquele mesmo ser luminoso, em seu leito de morte. Queria ele, o zigoto, ser o tal Ser luminoso de serviço fácil e admirado por todos. Pois a sua sobrevivência faz-se dependente não só de seu labor frenético, mas também de uma necessidade constante da apreciação alheia por si.

Egoísta, você diria? Não, apenas humano. Mas não era de uma planta que estávamos falando? É meu caro, mas a vida já não é mais semente.

Um comentário:

lala disse...

Plantas realmente não havia nada dessas, hehehe e como sempre acho algo muito bom, o texto no geral tah maneiro porém muito denso hehe destaquei algo interessante “Queria ele, o zigoto, ser o tal Ser luminoso de serviço fácil e admirado por todos” Antes uma vida, que vida nenhuma, fora as chances de ser de algum modo converso, sempre temos que tentar. Muito boa à visão da busca pelo prazer tb!
=D grande abraço!