segunda-feira, 2 de março de 2009

Crackocaína

Já dizia Gabriel, Ô Falador:

“índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça.”

Às traças.

Entulhados sob os viadutos do descaso social.

Não há distinção econômica, política ou racial.

Mudou-se apenas o ingrediente essencial

Dos tempos antigos para os de agora.

Risca-se o fósforo em busca da luz vital,

Noite afora.

A neve amarelada na mão tremula é dichavada.

Torna-se pó liquido sobre a colher flamejada.

A seringa enche-se do néctar psíquico preparado.

A agulha aponta para o braço já necrosado.

Mas há ainda os que preferem comida enlatada.

E chega a Morte ou coisa parecida

E lhes propõe um mundo de ilusões em troca de suas vidas.

E a vida lhes é roubada.

Limitada.

Condenada.

E eu vejo na TV as bombas soltas no Iraque,

Eu olho da janela não a guerra contra o Crack.

No Brasil isso é de praxe.

Madame corrói a cartilagem do nariz empinado.

E o menino da favela que é o usuário, o traficante, o condenado.

E o Falcão desabafa ao repórter:

"Ah, sonhar! Nessa vida não dá pra sonhar não..."

"Amanhã não sei nem se eu vou tá aí"

Planejamento social é ilusão.

Dados e pesquisas só servem para deputado rir.

Rir da nação,

Do povo humilde (burro) que o elegeu por um sacolão.

E todos vivem nessa entorpecencia

Usuário, sociólogo, político, empresário

Cada um cuida de si

E todos vamos seguindo a permanência,

A decadência.

Em um estado vegetativo

De pura ignorância e demência.

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Para ouvir e refletir:


Falcão - MV Bill

O Bagulho é doido - MV Bill

Esquina Puta Cocaína - Tianastácia

Desperdícios - Tianastácia

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