sexta-feira, 14 de maio de 2010

Velha e boa infância

Prancha. Eu gostava do mar. Queria intimidade. De tanto, peguei uma infecção no ouvido. Hoje o mar me quer distante e eu só posso olhá-lo daqui da areia. Skate. Andei uma vez. Não andei. Voei! E a cara no chão foi parar. Nunca mais. Patins. Na minha época chamava-se Roller. Era correria. Divertia-me com as manobras e com os tombos. Descia ladeiras. Subia em corrimão. Saltava calçadas e pequenos muros. Mas o número 36 ficou pequeno. Eu fiquei grande demais. Foi-se o tempo e eu abandonei a radicalidade. Nunca quebrei nenhum osso. Mas há cicatrizes por todo o meu corpo. E eu olho pra elas com saudades desse tempo. Com uma nostalgia que transborda o peito. E a frase clichê me vem a mente. “Eu era feliz e não sabia”. Suspiro. Sorte minha não saber. Aproveitei assim. Talvez se eu ficasse sabendo não seria tão feliz. Por que? Talvez eu ficasse tão preocupado com o fim que não viveria o presente. Há coisas que é bom não ficar sabendo. Não se importar. Apenas viver. Ser simples. Ir vivendo conforme as circunstâncias. Gritar um tremendo FODA-SE a quem quiser escutar. E a quem não se importar, transformá-la amigo seu. Amigo meu. E criar novas lembranças. E lembrá-las nas raras reuniões com os velhos amigos em um bar qualquer. Aliás, naquele bar em que todos se encontravam. Ou na pistinha de roller e skate perto do ginásio perto da escola. Com algumas cervejas, é claro. Assim me aproximo mais das saudades. Álcool. Minha nova paixão. Hoje eu preciso dele mais do que poderia imaginar. Ele me acalma. Me faz lembrar e ao mesmo tempo esquecer. Calma! Não sou alcoólatra. Mas quem sabe um dia venha a ser. Assim terei mais histórias para contar. Mas isso é para uma outra hora. Porque agora eu vou ligar para os velhos amigos. Sair. Beber. E Relembrar. Ô tempo bom. Se por acaso eu não voltar, apareça naquele velho bar. Ou na pistinha de roller. Perto do ginásio perto da escola. E por favor não esqueça. Leve cerveja!

Um comentário:

Ray disse...

'Não sou alcoólatra. Mas quem sabe um dia venha a ser. Assim terei mais histórias para contar.'

Genial.

Infância...
velha infância...
inevitável não ter nostalgia ao se lembrar dela né?

^^

Achei bem interessante o que você disse...
ser feliz e não saber,pois se soubessemos que somos,não aproveitaríamos ao extremo quanto aproveitamos com o não saber.
Concordo completamente.

Isso acaba entrando numa teoria minha.
'Tudo tem um motivo,e por mais que existam coisas que não encontramos um motivo,elas tem um motivo para nós não o encontrarmos.'
ok,ok.
viajando aqui.

Bom bar para ti cara.
;*