E a insônia me persegue. Atormenta. Irrita e acorda os demônios enjaulados. E eu fujo. Fujo do meu corpo. Para bem longe. Busco o som do mar nas rochas. O calor em minha face branca e de barba cerrada. A brisa leve de assobio ao léu. O som do violão dedilhado com gentileza e maestria. Saudades das tardes de sol, da cama e da despreocupação, aquele velho dia-a-dia. Tardes de sono acordado ao som do vento na janela branca entreaberta. Do livro muitas vezes lido ao lado do meu corpo estendido sobre o edredon. E aquela eterna espera sem nenhuma pressa pelo desejo de levantar. Saudades da solidão criativa. Talvez até da solidão sofrida; sozinha. Do copo de cerveja no bar sem nome em meu peito. Mas assim, diriam os analistas, eu não seria feliz direito. Mas quem realmente é? Eu só quero o que o tempo me tomou por crescer; por longa data. O regresso de uma alma à sua época. Eu quero o fim do termo saudade. Eu quero a paixão de certa idade. Eu quero tudo, tudo outra vez.
Âmbar: Encontrando o ouro do mar
Há 2 anos
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