quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

13° andar

- Oi, meu nome é Eduardo!

- Oi, Eduardo!

- Bom, gente, eu vim aqui porque eu preciso de ajuda. Eu preciso mudar. Cheguei ao fundo do poço e não sei nadar.

Sou um viciado... Um ninfomaníaco, para ser mais exato.

Tudo começou já na minha infância. Quando eu era bem pequeno, nos meus cinco anos, tive o meu primeiro contato com a promiscuidade. Enquanto meus amigos chutavam uma bola de um lado para o outro eu ficava observando a Marcinha, pseudo-namoradinha do Marcelinho, saca? Aquela que só o guri acha que ta namorando... Isso! É essa mesmo, coisa de criança. Menina linda! Ainda me lembro, me ofereci para ser o pai de sua boneca, foi onde, aproveitando a brecha na intimidade, lhe roubei o primeiro beijo. E, conseqüentemente, arranjei a minha primeira briga, pois Marcelinho não gostou nada de saber que era considerado o corno mais jovem da história do Colégio Siqueira Campos, quem sabe até do mundo. Mas logo acabamos fazendo as pazes, pois precisavam de mais um para fechar o time do futebol no recreio. Parece besteira, né? Mas é o marco do início dos meus problemas!

Continuei com essa minha pratica de roubar beijos até os seis anos e meio, por ai, mas percebi que não tinha o mesmo sabor do primeiro. Foi quando, aos sete, descobri que o que, realmente, me dava prazer era ficar com gurias compromissadas, ao roubar um beijo de Carlinha que era namoradinha do João. Mas esse cara não deixou barato. Esse não! Levei o meu primeiro soco no olho. Chorei, confesso! Pois doeu e eu era pequeno, mas um sentimento novo nascia ali, naquele instante, e o estranho é que eu havia gostado. Não sei ao certo como explicar, mas vê-lo cheio de raiva partindo em minha direção e desferindo aquele golpe em minha face... Foi, foi... Me fez querer mais, entende?

Pois é, meus colegas, o quadro evoluíra. Passava a ser um ninfomaníaco sádico, aos sete anos, vê se pode! Meus pais se cansaram de tanto serem chamado à escola por causa das minhas sucessivas brigas. Até me mudaram de colégio algumas vezes, mas não adiantou muito. E até os onze anos eu segui essa linha.

Mas sabe como é, ? A puberdade chegando, os hormônios explodindo por todo o corpo, os desejos aumentando e eu acabei mudando de ramo de novo. Não! Eu não troquei de opção sexual. Não que eu não tenha pensa... Deixa pra lá!

Bom, aos doze eu já estava entediado com aquela situação que já não me satisfazia mais e o sexo acabou chegou a mim, precocemente, para me tirar daquela monotonia. Julia, o nome dela, 16 anos e namorada do valentão do colégio, Alfredão. Fiz de propósito, é claro, eu estava desesperando por novas emoções. Uma das maiores surras que eu levei na minha pré-adolescência. Acredito que ele tenha até se acostumado com os chifres, pois me batia todos os dias e, assim, fazia-se lembrado pela cornisse. Pobre Alfredão!

É, até eu acho graça agora. Mas nada tem de engraçado o que está por vir.

A situação começou a ficar difícil. Aos quinzes anos eu comecei a sair à noite. Aquelas baladinhas com os amigos sabem? Na casa dos outros, que dura até, no máximo, meia noite. É... Lá eu comecei a perder os amigos. Carlos, Dougla, até o nerd do Juca, todos me odeiam até hoje. Todas as garotas de que eles falavam, para mim, que eram a fim ou que estavam paquerando, eu tratava logo de roubá-las para mim. Com um beijo, uns amaços ou até mesmo trepando com elas. Eu era sacana, fazia de tudo para que soubessem, não por mim, pois daí perderia a graça. Pois eu achava graça. Eu não conseguia evitar era maior do que eu. Era incontrolável!

Tentei buscar ajuda com os meus pais, mas minha mãe não me dava ouvidos, dizia que era coisa da idade, que logo passava, e meu pai chegava a se gabar aos amigos pelo filho viril e pegador que tinha. Sem o apoio da família e sem amigos, eu me perdi nessa vida.

Continua...


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Notinha(s) do autor:


1) O final já está pronto em minha cabeça, só falta colocá-lo no papel - coisa que farei semana que vem, se possível antes. Só publiquei esse fragmento para atiçar a curiosidade. (essa fração do texto está sujeita a novas alterações).^^


2) Acho que é a primeira vez que escrevo um "quase" monólogo.


3) Não há item três.


4) Prometo não fazer mais a piadinha do "não há item três", pois já passou dos limites.

2 comentários:

Anônimo disse...

Diferente do que costumas escrever, mas Gostei.
Espero a segunda parte :)

Paula

*Abraço

Sílvia Mendes disse...

Curti muito o texto, adoro quando entra o erotismo e afins na literatura. Acho que é o casamento perfeito, mas sem cair na vulgaridade, claro. Mas vim aqui mesmo foi pra desejar boa sorte na prova. Acho que nem precisa, mas estarei torcendo!

Abraço!