Prancha. Eu gostava do mar. Queria intimidade. De tanto, peguei uma infecção no ouvido. Hoje o mar me quer distante e eu só posso olhá-lo daqui da areia. Skate. Andei uma vez. Não andei. Voei! E a cara no chão foi parar. Nunca mais. Patins. Na minha época chamava-se Roller. Era correria. Divertia-me com as manobras e com os tombos. Descia ladeiras. Subia em corrimão. Saltava calçadas e pequenos muros. Mas o número 36 ficou pequeno. Eu fiquei grande demais. Foi-se o tempo e eu abandonei a radicalidade. Nunca quebrei nenhum osso. Mas há cicatrizes por todo o meu corpo. E eu olho pra elas com saudades desse tempo. Com uma nostalgia que transborda o peito. E a frase clichê me vem a mente. “Eu era feliz e não sabia”. Suspiro. Sorte minha não saber. Aproveitei assim. Talvez se eu ficasse sabendo não seria tão feliz. Por que? Talvez eu ficasse tão preocupado com o fim que não viveria o presente. Há coisas que é bom não ficar sabendo. Não se importar. Apenas viver. Ser simples. Ir vivendo conforme as circunstâncias. Gritar um tremendo FODA-SE a quem quiser escutar. E a quem não se importar, transformá-la amigo seu. Amigo meu. E criar novas lembranças. E lembrá-las nas raras reuniões com os velhos amigos em um bar qualquer. Aliás, naquele bar em que todos se encontravam. Ou na pistinha de roller e skate perto do ginásio perto da escola. Com algumas cervejas, é claro. Assim me aproximo mais das saudades. Álcool. Minha nova paixão. Hoje eu preciso dele mais do que poderia imaginar. Ele me acalma. Me faz lembrar e ao mesmo tempo esquecer. Calma! Não sou alcoólatra. Mas quem sabe um dia venha a ser. Assim terei mais histórias para contar. Mas isso é para uma outra hora. Porque agora eu vou ligar para os velhos amigos. Sair. Beber. E Relembrar. Ô tempo bom. Se por acaso eu não voltar, apareça naquele velho bar. Ou na pistinha de roller. Perto do ginásio perto da escola. E por favor não esqueça. Leve cerveja!
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Velha e boa infância
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Simples assim
Eu quero uma viagem. Carro e dois amigos. Talvez três. Que dê para esticar as pernas. Carro sem teto. Gosto do vento. E que tenha céu limpo; sem nuvens carregadas. Lembrete: óculos. Com clássicos dos anos 80 e 90 como trilha sonora. E que seja pelo litoral. Não importa o destino. Gosto do vento, do sol e do mar. Juntos assim. Harmoniosamente como em uma pintura a óleo de algum artista ribeirinho qualquer. E que se parta pela manhã antes que o Sol nasça. Para que possamos pegá-lo de carona ao longo da estrada logo após o seu despertar sobre as águas. Quero momentos de silêncio e de risadas. Quero paradas em postos e botecos de beira de estrada. E nas praias. Sem hora marcada. Uma conversa aqui outra acolá. Amizade feita. Tipo de longa data. E se for um rabo de saia? Um dia ou dois a mais, mal não fará. Um dia quem sabe voltar, mas continuar seguindo. Assim, sem rumo. Sem tempo que nos prenda. Sem compromissos. Lembrete: Máquina fotográfica. Memória registrada. Lembrar de como foi bom. Das pessoas. Dos lugares. Para que o espírito, depois de velho, renasça. E que a vontade de reviver surja. E que se faça outra. E outra. Mas que seja pelo litoral. É só o que peço. E que o carro não tenha teto. Pois eu gosto do vento e do cheiro do mar.